segunda-feira, dezembro 15, 2008

E O ANO SE ACABOU......





2008 nos trouxe muitas coisas...
Acumulamos experiências de muito trabalho,de algumas dores, de algumas alegrias,de algumas escolhas – certas ou erradas- , de muitas lutas . Acumulamos realmente muitas experiências!
Mas....2009 vem aí! Tem pressa! Não podemos pedir que espere mais um pouco até que possamos “ arrumar a casa”!
Vamos recebê-lo de braços abertos e com um sorriso no rosto.Vamos esquecer os amores não compartilhados, as histórias mal acabadas, a paixão não correspondida, os conflitos, os bandidos, as bruxas, os pecados.
Vamos nos lembrar da luta que travamos no dia-a-dia , dos amigos que se foram mas que estarão sempre presentes,dos sorrisos que iluminaram nossos dias, do suor que derramamos pelas boas causas, dos anjos , da esperança, das festas, dos encontros, dos risos escancarados, dos justos, dos sábios.
O Natal antecede o Ano Novo para que, repensando nossas culpas e nossas misericórdias, possamos receber 2009 de alma limpa, de peito aberto, cantando, dançando, movimentando o corpo e o espírito como a criança ingênua e sonhadora que só acredita encontrar amigos.
E que, ao chegar, esse Ano Novo encontre em nós muito carinho pra ser ofertado, muita certeza de ser amado, algum dinheiro no bolso – mas lembrando que não será ele que vai garantir nossa felicidade - muitos sorrisos francos, muitos sonhos, muita esperança, enfim, o que realmente é importante para nossas vidas!
Vamos nos despedir de 2008 cansados, mas acordaremos renovados na certeza de que o ano que chega nos tornará pessoas melhores, mais pacientes, mais humildes, mais seguras e mais objetivas.
Porque a VIDA se renova todos os dias e é preciso sonhar sempre!!!!!
FELIZ NATAL. EXCELENTE ANO NOVO!

quinta-feira, novembro 27, 2008

JÁ SINTO O CHEIRO DO PERU!!!!!


Nos supermercados o apelo ao consumo se intensifica....

Donas de casa trocam receitas...............

Promessas de felicidade....perdão.....boas ações já começam a fazer parte das despedidas que também já começaram.......

Vamos entrar no clima então!!!!!

sábado, novembro 22, 2008

ELE.....O ETERNO....FERNANDO......


Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, 1-7-1916

sábado, novembro 15, 2008

NERUDA


Para o meu coração basta o teu peito

para a tua liberdade as minhas asas.

Da minha boca chegará até ao céu

o que dormia sobre a minha alma.

És em ti a ilusão de cada dia.

Como o orvalho tu chegas às corolas.

Minas o horizonte com a tua ausência.

Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que no vento ias cantando

como os pinheiros e como os mastros.

Como eles tu és alta e taciturna.

E ficas logo triste, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.

Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.Eu acordei e às vezes emigram e fogem

pássaros que dormiam na tua alma .

quarta-feira, novembro 12, 2008

JÁ TÔ ESCUTANDO O NATAL.....


É chegado o tempo de

Multiplicar Amor.

Que nossas mãos possam ser portadoras de paz..

De afagos..De carinho...

Que escorra delas os mais límpidos sentimentos..de bálsamos..de alívio..de força..de luz...

Que possam ser espraiados na terra árida..fazendo germinar o amor entre as pessoas..

Multiplicando cada melhor essência de nós..

Fazendo-nos fortes ao meio à tempestade..

Deixando-nos ver o sol que nasce..

Que rompe a noite..

Que se faz dia..Que se faz belo..Que se faz vida!

Que se chama amor...
(Jane Lagares)

sexta-feira, novembro 07, 2008

ESCUTATÓRIA




Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir.Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil.Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma".

Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro:"Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma".

Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).

Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.

Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.

Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado".

Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou".

Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

Eu comecei a ouvir.

Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.

Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.

Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

quarta-feira, novembro 05, 2008

A VITÓRIA DO TEMPO.




"A depuração das memórias e o uso constante da mente e do corpo são a melhor terapia para combater doenças degenerativas do envelhecimento."
Sidarta Ribeiro


Poucas coisas são mais deploradas na cultura ocidental quanto o envelhecimento, sinônimo de fragilidade física e decadência mental. De fato, as grandes mudanças corporais que a idade traz são muitas vezes seguidas por doenças
neurodegenerativas que terminam por conduzir à demência.
Uma delas, o mal de Alzheimer, se caracteriza pelo acúmulo cerebral de neurofibrilas e placas compostas por proteínas tau e peptídeos beta-amilóides, respectivamente.
A imunização contra peptídeos beta-amilóides é uma das possibilidades de cura para essa doença (Monsonego e Weiner, 2003, Science 302: 834-838). Mais recentemente, experimentos com camundongos transgênicos demonstraram que os déficits de memória que acompanham a excessiva produção de proteína tau podem ser revertidos pela interrupção da sua síntese (Santacruz et al., 2005, Science 309: 476-481). Boas notícias chegam ainda de estudos sobre os hábitos de gêmeos idosos nos quais apenas um dos indivíduos apresenta demência; os resultados indicam que a intensa atividade intelectual retarda o aparecimento do Alzheimer (Crowe et al., 2003, J. Gerontol. Psychol. Sci. 58B: 249-255), reforçando a idéia de que o uso constante da mente e do corpo é a melhor terapia contra a erosão do tempo.No entanto, mesmo superadas as patologias, o idoso parece fadado a se deparar com limites inflexíveis. Dizia Luiz Fernando Gouvêa Labouriau (1921-1996), primeiro bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e motor crucial da fisiologia vegetal no Brasil, que com o passar do tempo seu cérebro (poderoso, diga-se de passagem) parecia haver chegado ao limite de sua capacidade de armazenamento: para aprender o nome de um aluno novo, necessitava esquecer o nome científico de alguma planta. A brincadeira, proferida em tom sereno, expressava um leve inconformismo com o horizonte intelectual humano. Por ser um sistema finito, o cérebro possui um máximo de estocagem mnemônica, mesmo naqueles que escolhem exercitá-lo por toda a vida.Mas se até o idoso mais sadio precisa contentar-se com a substituição de suas representações cognitivas em lugar da expansão mental fácil da juventude, que vantagem, utilidade ou beleza há na velhice? A resposta a esta pergunta importante encontra-se justamente na receptividade que Labouriau dedicava aos estudantes de todas as idades. Diante do dilema, Labouriau optava por se desprender da memória querida - o nome de uma planta - para cuidar da germinação de mais um jovem cientista em potencial. O investimento do mestre era a fundo perdido, mas para ele a chance de sucesso bastava. A troca de nomes sempre valeu a pena, pois fertilizava o mundo.

Eis aqui a chave do enigma: a grande, incalculável riqueza do envelhecer é a depuração extrema dos pensamentos e atos. Não apenas carregar mais memórias, e sim memórias melhores. Por ser uma propriedade do tecido nervoso, essa depuração pode ocorrer em representações mentais de qualquer tipo, em qualquer ofício humano, a despeito do enfraquecimento de músculos e ossos. Quem duvidar que observe o jogo fabuloso dos legendários João Grande e João Pequeno, mais antigos e respeitados mestres da capoeira de Angola ainda em atividade, praticantes há quase 60 anos da fina arte de mestre Pastinha. Homens idosos e brilhantes que facilmente derrotam qualquer jogador mais novo, por mais robusto que este seja, com o supra-sumo da arte de se mover.Daí o profundo valor atribuído aos velhos sábios em tantas culturas do mundo. As melhores árvores espalham fortes sementes. Cabe a estas vingar.


MENTE E CÉREBRO

terça-feira, novembro 04, 2008

vivências.....


Dentro das minhas malas eu carrego muitas coisas... Vivências acumuladas por muitas e muitas jornadas, por trilhas,atalhos, escolhas.Algumas delas erradas. Tantas dúvidas e incertezas, Quantascoisas guardadas.Carrego o suor das amantes, o encanto, a paixão e a poesia, o sentimento não compartilhado, muitas histórias não terminadas, a dor de um amor sofrido.Carrego também a saudade de amigos, de entes queridos que em algum lugar do passado, seguiram por outros caminhos.Dentro das minhas malas eu carrego muitas coisas... A armadura, a cicatriz, o conflito.O guerreiro de olhar cansado, o andarilho em busca de abrigo,o nobre, o juiz, o bandido, o feiticeiro, o anjo, o bandido.Dentro das minhas malas muitas coisas pesadas. A aflição, o medo, a espera, o arrependimento, a culpa, o pecado, aobrigação de desfazer o mal feito e desta feita, fazer direito.A obrigação de reconstruir os meus templos profanados pela ação do tempo.Dentro das minhas malas eu carrego muita esperança. Carrego o ingênuo, o sonhador, a criança, a certeza de reencontrar o inimigo e fazer dele um novo amigo.Carrego o santo, o mago, o diabo, um sorriso para ser ofertado, o carinho do ser apaixonado que muitas vezes adormece cansado, mas amanhece sempre renovado, e vai embusca de uma nova morada !!!
( não sou autora desse texto.....mas bem que gostaria de ser!!!!!)

domingo, novembro 02, 2008

aniversários.................


Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de
inutilidade, de vazio...
Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido.

Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente: As perdas do ser humano.

- Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero. Estamos, a partir de então, por nossa conta.
Sozinhos. Começamos a vida em perda e nela continuamos.
Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem.
Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo.
Ele nos acolhe: nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói...

E continuamos a perder... e seguimos a ganhar.
Perdemos primeiro a inocência da infância.
A confiança absoluta na mão que segura nossa mão, a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas por que alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair...

E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar.
Por que? Perguntamos a todos e sobre tudo...
Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás...

Estamos crescendo.
Nascer, crescer, adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer, renascer...

Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros.
Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo,
quando algo nos é tomado contra a vontade.
Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça
sem medo de causar melindres.

Assim, se nossa tia às vezes nos parece gorda tememos dizer-lhe isso.
Receamos dar risadas escandalosamente da bermuda ridícula do vizinho,
ou puxar as pelanquinhas do braço da vovó, com a maior naturalidade do mundo
e ainda falar bem alto sobre o assunto.
Estamos crescidos e nos ensinam que não devemos ser tão sinceros.

E aprendemos...
E vamos adolescendo... ganhamos peso, ganhamos seios, ganhamos pelos,
ganhamos altura... ganhamos o mundo.
Neste ponto, vivemos em grande conflito.

O mundo todo nos parece inadequado aos nossos sonhos... ah! os sonhos!!!
Ganhamos muitos sonhos.
Sonhamos dormindo, sonhamos acordados, sonhamos o tempo todo.
Aí de repente, caímos na real!
Estamos amadurecendo... todos nos admiram.
Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados.
Perdemos a espontaneidade.
Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo.
Mas não é justamente essa a condição que nos coloca acima (?) dos outros animais?
A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações de modo lógico e racionalmente planejado? (???)
E continuamos amadurecendo... ganhamos (compramos) um carro novo,
um(a) companheiro(a), ganhamos um diploma.
E regradamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, de tomar banho de chuva, lamber os dedos .......Mas perdemos peso!!!

Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e tascamo-lhe aquele beijo estalado...
Mas apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos,
ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento,
honrarias, títulos, honorários e a chave da cidade...

E assim, vamos ganhando tempo... enquanto envelhecemos.
De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas (ou nas pernas),
ganhamos celulite, estrias, peso... e perdemos cabelos.
Nos damos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos,
deixamos de sorrir... perdemos a esperança.

Estamos envelhecendo.
Não podemos deixar pra fazer algo quando estivermos morrendo...
Será que haverá renascimento, para quem desiste? Haverá um renascer, para aquele que se faz em vida, pelo perdão a si próprio, pelo compreender que as perdas fazem parte,
mas que apesar delas, o sol continua brilhando e felizmente chove de vez em quando,
que a primavera sempre chega após o inverno, que necessita do outono que o antecede...

Que a gente cresça e não envelheça simplesmente...
Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie...
Que tenhamos rugas e que elas nos tragam boas recordações...
Que tenhamos juízo mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia...
Que sejamos racionais, mas também emocionais, que lutemos por nossos sonhos...
Pois os sonhos são como Deus, como a Fé, se não acreditarmos, ele não se fará presente...
E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo,
mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos,
sintam-se amados mais do que saibam-se amados.
Afinal, o que é o tempo?

Todos os dias, Deus nos dá um momento em que é possível, mudar tudo
o que nos deixa infelizes!
O instante mágico, é o momento em que um "sim" ou um "não" podem mudar
toda nossa existência!

Aproveite seu instante mágico!!!
...Tudo depende do modo com que você encara os fatos...

sexta-feira, outubro 31, 2008

onde foi parar o tempo que ganhamos?



( desconheço o autor )

Havia mais terrenos baldios. E menos canais de televisão.E mais cachorros vadios. E menos carros na rua.Havia carroças na rua. E carroceiros fazendo o pregão dos legumes.E mascates batendo de porta em porta.E mendigos pedindo pão velho. Por que os mendigos não pedem mais pão velho? A Velha do Saco assustava as crianças. O saco era de estopa.Não havia sacos plásticos, levávamos sacolas de palha para o supermercado.E cascos vazios para trocar por garrafas cheias.Refrigerante era caro. Só tomávamos no fim de semana.As latas de cerveja eram de lata mesmo, não eram de alumínio.Leite vinha num saco. Ou então o leiteiro entregava em casa, em garrafas de vidro.Cozinhava-se com banha de porco. Toda dona-de-casa tinha uma lata de banha debaixo da pia. O barbeador era de metal, e a lâmina era trocada de vez em quando. Mas só a lâmina.As camas tinham suporte para mosquiteiro.As casas tinham quintais. Os quintais tinham sempre uma laranjeira, ou uma pereira, ou um pessegueiro.Comíamos fruta no pé.Minha vó tinha fogão a lenha. E compotas caseiras abarrotando a despensa.E chimia de abóbora, e uvada, e pão de casa. Meu pai tinha um amigo que fumava palheiro.Era comum fumar palheiro na cidade; tinha-se mais tempo para picar fumo.Fumo vinha em rolo e cheirava bem.O café passava pelo coador de pano. As ruas cheiravam a café. Chaleira apitava.O que há com as chaleiras de hoje que não apitam? As lojas de discos vendiam long plays e fitas K7.Supimpa era ter um três-em-um: toca-disco, toca-fita e rádio AM (não havia FM).Dizia-se 'supimpa', que significa 'bacana'. Pois é, dizia-se 'bacana', saca?Os telefones tinham disco. Discava-se para alguém. Depois, punha-se o aparelho no gancho.Telefone tinha gancho. E fio. Se o seu filho estivesse no quarto dele e você no seu escritório, você dava um berro pra chamar o guri, em vez de mandar um e-mail ou um recado pelo MSN.Estou falando de outro milênio, é verdade. Mas o século passado foi ontem! Isso tudo acontecia há apenas 20 ou 25 anos, não mais do que o espaço de uma geração.A vida ficou muito melhor.Tudo era mais demorado, mais difícil, mais trabalhoso.Então por que engolimos o almoço? Então por que estamos sempre atrasados?Então por que ninguém mais bota cadeiras na calçada? Alguém pode me explicar onde foi parar o tempo que ganhamos?

quinta-feira, outubro 30, 2008

textos alheios


ando usando ,abusando e publicando textos que não foram escritos por mim.....

mas é justamente para guardar em lugar bem seguro, com a possibilidade de serem lidos e jamais perdidos.......porque são bárbaros!!!!! como este de hoje:

SOU GOSTOSA E ASSUMO!!!!! ( *rsrsrsrsrsr)


Nem quando tinha 10 anos entrei em uma calça jeans 38. Nunca me senti feliz com os peitos reinando absolutos em uma blusa branca sem sutiã. Me sentia uma hipopótama prenha quando teimava em vestir um top minúsculo com a pança exposta à poluição. Jamais deixei de ter pânico praiano no final da primavera. Mas, depois de muita terapia e chuchu refogado, decidi: sou muito mais gostosa do que essas esqueléticas posando de cabide maquiado na capa de revistas de moda. Porque, na vida real, gostosura não é ter 1,77 metros e 50 quilos, nem ter sido inflada com 300 mililitros de silicone, sugada com lipoescultura ou esticada com botox até na pupila. Ser Gostosa é decisão.
Decida que seus culotes, apesar de não serem a coisa mais fofa do mundo, são extermináveis. Faça um tratamento estético e acabe com eles.
Decida dar um tapa na cabeça do seu namorado sempre que ele a chamar de gordinha, fofinha ou qualquer coisa terminada em inha que cause ira: você é a única pessoa que pode depreciar a si mesma, é bom que fique claro.
Decida reclamar menos do seu corpo e aproveitar mais todas as sensações que ele pode lhe proporcionar se você parar de se torturar com cada estria que se instalar na banda direita da sua bunda. Burrice é dar valor exagerado ao que é, na essência, detalhe. Tragédia é a fome na África, o assassinato dos bebês-foca, não a falta de elastina no seu glúteo direito.
Decida chutar para a estratosfera os padrões de beleza: Os peitos da Gisele Bündchen são dela, não seus. A barriga tanquinho da professora de aeróbica na televisão é dela não sua.
E, na real, se ser padrão fosse tão bacana assim, essa mulherada não viveria neurótica, bulímica, anoréxica, com disfunção renal, cerebral, hemorroidal... No fim, todas nós sofremos de prisão de ventre.Decida que osso largo, retenção de líquido e gases não são desculpa para não ter a cintura da Jenifer Lopez - você tem outra estrutura, simples assim. Ou prefere se afogar num sorvete de pistache no final de um dia estressante a encarar uma porção de gelatina e amargar um humor tão ruim quanto as desculpas do Rubinho em final de corrida.
Não dá para ser leoa com pelagem de jaguatirica. Mas dá para ser uma leoa deslumbrante. Decida que você, e o que existe melhor em você, não se resume à qualquer 2 ou 3 ou 10 quilos de banha que insistem em não sair do seu quadril. Quem acha o contrário deve ser posto sumariamente de quarentena na sua vida. E se for você que pensa assim? De duas, uma: Freud ou Jung. Não, três: pode ser Lacan, também. Se você decidir que quer mais é ter a barriga sarada, a bunda dura, o peito empinado e a coxa marmórea, vá em frente. Malhe. Feche a boca. Gaste com cirurgia, mas não se engane pensando que depois disso sua felicidade será plena, porque alegria e auto-estima não vem de brinde com a lipoaspiração.
Lembre-se de que o embrulho de presente acaba sempre indo para o lixo.Então, para descomplicar e desneurotizar minha existência, decidi que sou gostosa. Compro roupas que valorizam o que tenho de bom e não pago mico de me vestir feito um manequim de vitrine da Dior: o máximo que conseguiria seria parecer um espantalho fashion louco. Não me abalo mais com comentários testosteronentos e babões diante de corpos fenomenais: eles são visualmente dignos de urros de tesão, mas não dediquei minha vida a ter um daqueles.
Não passo três horas diárias na academia, não tenho personal trainer, não gasto as tardes no shopping passeando com meu cachorrinho e com minhas amigas loiras-saradas que parecem saídas de uma linha de produção de Barbies. Nunca vou ter um corpo daqueles porque isso não é minha prioridade. O prazer que um jantar de risoto de pêra com gorgonzola e uma rubra taça de Merlot me proporcionam é muito maior que poder rebolar ferozmente a buzanfa-modelo num show da Tati Quebra-Barraco

quarta-feira, outubro 29, 2008

MATURAR.......




Marcelo Rubens Paiva ( Estadão-Caderno 2 - 29/07/06)
Quando você envelhece, descobre que os amigos ranzinzas ficam mais ciumentos, prática sem cura, e você pára de implicar com eles e se diverte. Como pára de implicar com o blefador, que continua o mesmo, com o pão-duro, que só piora, com o teimoso, que insiste mais em suas opiniões, mesmo se estiverem furadas. Descobre que o engraçado tem novas e mais sofisticadas tiradas, e que a risada dele continua estremecendo o baralho. Descobre que a ressaca do uísque é melhor do que a da pinga, que prosecco e champanhe são só para brindar, que o vinho tinto argentino melhora a cada safra. Descobre que a comida deve vir com pouco sal e a salada, com muito azeite. Descobre que tomate e maçã fazem bem e embutidos, mal. Que queijos magros são mais aconselháveis do que aquele brie ou emental. Descobre que em inauguração de restaurante não se come, e que em lançamento de livro o vinho branco é alemão. Descobre que aquela mulher por quem você foi apaixonado continua apaixonante, e o deixa sem graça toda a vez que olhares se cruzam. E mesmo que ela tenha se casado com seu inimigo, com quem teve quatro filhos, continua irresistível, e você fica sem graça ao lado dela como se ainda tivesse 16 anos, e ela sabe disso, e você não sabe por que enrolou tantas décadas nem por que você não a seqüestrou logo quando se conheceram na escola. Quando você envelhece, descobre que todas as suas ex merecem carinho, um presente, um almoço, ou até um simples conselho, um telefonema eventual, um e-mail, talvez, perguntando se está tudo bem, se precisa de ajuda. E descobre que o fim da história mal resolvida não tem explicação. E se ela perguntar um dia se você entendeu as decisões dela, você devolve: 'De ter me largado? Não, e você entendeu?' Sabe o que ela dirá? 'Também não.' Descobre que os filhos quando crescem não têm nada a ver com os pais nem se encaixam nas projeções, comparações ou expectativas criadas na infância. Descobre que, mesmo filiado a uma geração que quebrou tabus e diminuiu o gap entre pais e filhos, os segundos nunca entenderão os primeiros, haverá um conflito que parece ser a força motriz das relações: o novo nega o antigo, o dominante perde espaço, o gene é aprimorado. Você descobre que a moda da sua adolescência volta. Com outros pingentes e significados. A roupa não vem com a simbologia contestatória ou alienante, nem com a mesma trilha musical ou discussões existenciais. A bata que você usou no passado vira moda novamente, mas não se cantam as mesmas músicas, nem se debatem os mesmos dilemas. A roupa volta sem conteúdo ideológico. Descobre que as modas seguem um princípio dialético que se repete. O beat veio pra contestar o acomodado anterior. E sempre vem algo pra conservar. O hippie veio pra contestar, a disco veio pra acomodar, o punk veio pra contestar, o yuppie veio pra acomodar, o dark, pra contestar, o new wave, pra acomodar, o grunge, pra contestar, o clubber, pra acomodar, o britpop, contestar, o emo, acomodar. Mas, de repente, ao envelhecer, você descobre que tais conceitos são relativos, como tudo, que o cara da discoteca queria dançar, como o cara da onda new wave e clubber, que há contestação no ato de pular e dançar com roupas coloridas em momentos obscuros, e há acomodação no paz e amor do hippie, que produziu o pseudo-acomodado punk niilista e autodestrutivo. Quando você envelhece, lê cada vez menos matérias que falam de saúde ou milagres da medicina. Porque você sabe que já afirmaram que café faz mal, e já afirmaram depois que faz bem, o mesmo com o sal, o mesmo com o vinho, já aconselharam comer uma castanha-do-pará por dia e já desaconselharam, o mesmo com a pílula de alho, complexos vitamínicos, aspirina, Ginkgo biloba, até açaí. Depois de ser banida de todas as listas de dietas aconselháveis, agora dizem que carne vermelha faz bem. Que vitamina C não cura gripe, todos sabem, mas todos continuam tomando e apostando nela. Se você está nos entas, já deve ter parado de fumar, trocou a Coca pela água com gás, e sabe que está na hora de aprender para que servem alguns botões do DVD ou comandos do celular, e sabe que está na hora de começar a ler manuais de aparelhos que estão cada vez mais sofisticados. Ler com óculos de leitura, óbvio. Você sabe que envelheceu quando confunde giga com mega, ainda diz liquidação, em vez de sale, não sabe se o trema foi abolido, usa ASA e não pixel, descobre que as letras das bulas ou dos rótulos são em outra língua e ilegíveis, e que ler cardápio à luz de velas é desesperador. Lamenta que o Brasil de fato não tem jeito, não cresce, é resistente a mudanças, é conservador, evita discutir temas como aborto, eutanásia, descriminalização da maconha, união homossexual, tem dificuldades em se enquadrar no time de países progressistas, e que a desigualdade só aumenta, a corrupção, idem, as favelas, idem, sabe que antes da Copa do Mundo tem aquela barulheira ufanista, e que se o Brasil perde vão procurar um culpado e terá até CPI, sabe que brasileiro não sabe perder no futebol, que continuarão a invadir gramados, e nunca ninguém será preso, que muitos camelôs venderão contrabando ou falsificados, que na apuração do carnaval vai rolar briga e protestos, na novela alguém será assassinado, outro descobrirá que não é filho de quem pensa que é, que um teminha polêmico, tipo casal do mesmo sexo se beijando, será debatido por colunistas e reprovado por religiosos. A vantagem de envelhecer? Retirar da vida expectativas que só a tornam mais complicada e descobrir que no fundo ela é também engraçada.

terça-feira, outubro 28, 2008

pra começar....basta querer!

ufa!!!!!!


põe calor nisso!!!!!

será que não dava para são pedro ligar um ventilador gigante pra nós, aqui embaixo?????

tá tudo seco......queremos chuva! e ela não vem.......

bem dizia o inácio de loyola brandão:" não verás país...." as previsões se concretizam muito mais rápido do que supúnhamos.....snif snif

segunda-feira, outubro 27, 2008

....e precisava mais??????


Era só isso
Que eu queria da vida
Uma cerveja
Uma ilusão atrevida
Que me dissesse
Uma verdade chinesa
Com uma intenção
De um beijo doce na boca...
A tarde cai
Noite levanta a magia
Quem sabe a gente
Vai se ver outro dia
Quem sabe o sonho
Vai ficar na conversa
Quem sabe até a vida
Pague essa promessa...
Muita coisa a gente faz
Seguindo o caminho
Que o mundo traçou
Seguindo a cartilha
Que alguém ensinou
Seguindo a receita
Da vida normal...
Mas o que é
Vida afinal?
Será que é fazer
O que o mestre mandou?
É comer o pão
Que o diabo amassou?
Perdendo da vida
O que tem de melhor...
Senta, se acomoda
À vontade, tá em casa
Toma um copo, dá um tempo
Que a tristeza vai passar
Deixa, prá amanhã
Tem muito tempo
O que vale
É o sentimento
E o amor que a gente
Tem no coração...

voltei.............


háháhá depois de muuuuuuuito tempo.....achei que nem voltaria mais......tanta coisa aconteceu......saí do chão.....esperneei...mas não teve jeito: tive que encarar tudo de frente, encarar a batalha, as lutas, a guerra. e cá estou: fiz minha catarse.e a minha volta se deve a um curso que resolvi fazer " o blog como recurso didático". pois não é que os blogs acabaram entrando pra educação?! ops! ainda não entraram de vez....mas estão ensaiando a entrada...e não adianta querer adiar. essas ferramentas novas chegaram e se instalaram em nossas vidas...por isso pretendo voltar aqui mais vezes......não para chorar minhas dores.....nem para falar das batalhas que venci......mas para estar simplesmente........